O bom Velhinho

Pervertido, mas pode chamar de Papai NoelPeríodo natalino, fim de ano. É nesta época que somos assolados pela peste das confraternizações. As pessoas piram, acreditam loucamente no nascimento do Cristo e esquecem do significado da efémeride. Contraditoriamente, é por meio do consumismo desmesurado que “pessoas” pensam no ressurgimento do Cristo, mediante a troca de presentes. Quem nunca presenciou uma festa natalina, em repartição pública ou empresa, pautada no discurso Cristão e concluída na base do desapontamento? Dê a primeira pedrada. O motivo central não foi Cristo, e sim a diferença de preço entre o presente ofertado e o, recebido.

Falar em Natal e esquecer de fazer referência a Papai Noel, é quase pecado. O Bom Velhinho ofuscou a importância do anfitrião e transformou o dono da festa em figura secundária. É do conhecimento geral que Papai Noel estimula o consumismo – alerta: por mais que Papai Noel pareça com Karl Marx, mas Papai Noel passa longe do comunismo. Isso é óbvio. O capitalismo ocidental teria de se “virar nos trinta” para conseguir ressignificar Cristo e transformar este num suporte para troca de presentes. Segundo a narrativa bíblica, o filho do carpinteiro expulsou os camelôs do templo de Jerusalém. Atualmente, se Jesus pega Papai Noel pelas esquinas da vida. Além de sofrer condenação por impedir o livre-comércio dos vendilhões do tempo, ganharia uma condenação por homicídio doloso, por trucidar o bom velhinho.

Antes de pensar o Natal como a festa do intercâmbio de presentes, devemos semear a mensagem cristã. Independente da religião. Cristo incentivou a harmonia entre nossa espécie, não somente entre pessoas com afinidades. Mas também com a diversidade. Devemos lembrar Jesus como o responsável por impedir o apedrejamento de uma prostituta. Se a narrativa bíblica acerca da jornada do Cristo é fantasiosa, pelo menos assimilemos a mensagem de reconciliação com as diferenças. Aqueles que acusarem o presente texto, de piegas, pense bem antes e falar. Eu exorcizei todos os espíritos natalinos que habitavam em mim. O único resquício de espírito natalino que me resta é aquele sorriso das crianças, na manhã de Natal em que estas arrancam as rodinhas dos carrinhos presenteados por Papai Noel. Te digo, posso extrair os membros locomotores dos críticos deste escrito, com a mesma alegria sádica das criancinhas na manhã de Natal. Amém!